O Bouvier Bernois é um original no grupo dos cães de montanha. Pouco conhecido ou mesmo desconhecido durante muitos anos, começou a ser mais estudado pelos cinófilos na década de 90. Unindo suas qualidades é um cão que está a altura de sua reputação e sua aparência é sem dúvida um dos mais belos sucessos da seleção moderna. Se a pelagem brilhante, sua expressão doce e sua fisionomia atraente satisfazem atualmente dezenas de milhares de aficcionados através do mundo, os especialistas reconhecem que a sua criação não é das mais fáceis, sua seleção esta fortemente ligada à sua hereditariedade e o tipo ideal é uma meta muito difícil de alcançar.
A SUA HISTÓRIA
NO ANONIMATO DO SEU CANTÃO
O
BERNESE MOUNTAIN DOG, apesar de reconhecido tardiamente pelos clubes cinófilos oficiais, já está instalado na Suíça a muito tempo. Especula-se que a raça foi levada para a Suíça, há cerca de dois mil anos, pelos soldados invasores romanos, que o usavam como cão de combate. Posteriormente à desocupação romana, estes cães se tornaram apreciados cães de trabalho.
Devido ao aparecimento tardio no cenário internacional, a raça permaneceu afastada da cinofilia que engatinhava ao fim do século XIX. No seu país de origem, apenas o São Bernardo tinha as honras do microcosmo da criação.
Felizmente, a "banda dos quatro" bouviers suíços
(Bernese, Grande Bouvier, Bouvier de Appenzell e de Entlebluch) seduz alguns amadores. Entre eles, os criadores da região de Burgdorf pegam em mãos o futuro do Bernese. Um desses pioneiros, Franz Schertenleib, tem um só objetivo: Reencontrar cães similares a aqueles que lhe descrevia seu pai outrora. Ele procura no sul do cantão de Berna, mais precisamente na vila de Dürrbach aonde ele dedica a sua atenção aos cães nomeados Gelbbächler (jubas amarelas). Estes últimos formarão uma das principais fontes do futuro Bouvier Suíço.
Somente em 1892 que a raça entra muito discretamente para a cinofilia oficial, graças a Franz Schertenleib, que se tornará mais tarde um dos seus mais famosos criadores.
O
DÜRRBÄCHLER, primeiro nome do
BERNESE, foi notado pelo professor Heim, sumidade cinológica que convenceu os primeiros criadores a abandonar uma característica: o nariz fendido, que é na verdade uma anomalia e trocar seu nome para
BERNER SENNENHUND, em alemão ou
BOUVIER BERNOIS em francês, o que foi muito mais difícil. O clube da raça foi fundado em 1907, porém só adotou o nome
BERNOIS, ou
BERNESE em 1912.
Assim recebeu o nome de
BERNER SENNENHUND, ou seja,
CÃO MONTANHÊS DE BERNA, em referência ao cantão da Berna, onde eram utilizados como cão pastor e depois como cão de tração pelos produtores rurais da região. Era comum vê-los puxando pequenas carroças carregadas com latões de leite para as fabricas de queijo, e também exercendo a função de pastoreio, guardando e dirigindo o gado para os Alpes.
Desde então o
BERNESE conquistou o mundo inteiro, atingindo e depois ultrapassando em número o legendário São Bernardo, tanto na Suíça como em muitos países.
COMO SE TORNOU O NOSSO BERNESE
Como o seu nome indica, seu trabalho originalmente foi de guardar e conduzir o rebanho. Trabalho que exige muita autoridade para se fazer respeitar pelos bovinos. De fato, ele foi utilizado como cão de fazenda, guardando a casa, acompanhando seu mestre por todos lugares. O utilizamos também como cão de lida. Como já foi dito antes, ele puxava charretes para transportar latões de leite da fazenda até as fábricas de queijo na Suíça, país devotado a criação de vacas leiteiras. Hoje em dia, são atrelados a pequenas charretes apenas por aficcionados da raça que o fazem pelo prazer.
Em resumo, as tarefas que lhe foram incumbidas o ajudaram a se tornar o que ele é hoje em dia, um animal equilibrado, sociável e com vontade de fazer felizes aqueles que convivem perto dele.
O BOIADEIRO DE BERNA é ainda servido do dom de sabujo, porém é desprovido do instinto de caçador, deixando em paz os animais da redondeza.
SUA EDUCAÇÃO
Eis um cão tranquilo, que não necessita de muito exercício. Uma grande caminhada de no mínimo 30 minutos no campo ou na cidade por semana pode satisfazer sua necessidade de exercício. Isso não quer dizer que não devemos sair com ele nos outros dias, mas que as caminhadas diárias não precisam ser tão longas.
Para ser esse companheiro calmo, equilibrado, obediente e seguro, que dá tantas alegrias é preciso educá-lo. Isso consiste, em primeiro lugar, a não deixar ele realizar todas as suas vontades, mesmo sendo um filhote tão fofo e que adora carinhos. Todas as pequenas besteiras e brincadeiras divertidas que o filhote faz, não são apenas por divertimento, é uma maneira de testar a família que o acolheu e seus limites. Se no começo você permite que ele faça tudo ou quase tudo que tiver vontade, não se espante se ele vier a se tornar um bagunceiro mais tarde e que não queira obedecer a ninguém.
O
BOIADEIRO DE BERNA não é excessivamente cabeçudo, ele aprende bem. Sua memória é extraordinária. Basta um mínimo de paciência e firmeza. Não é um cão a educar duramente ou com brutalidade, o que nunca dá bons resultados com ele. Entre os cães de montanha dos quais a qualidade dominante não é o dinamismo exarcebado, o
BERNESE é desses que são suceptíveis de uma educação forte. A prova disto é que ele pode se tornar um excelente cão de avalanches e escombros; na Suíça é chamado de "CÃO DE SALVAMENTO", onde é utilizado voluntariamente nesta tarefa. Ele obtém bons resultados, sobretudo as femeas, em AGILITY e mesmo como cães para deficientes.
SUA SAÚDE
O Bernese é um cão resistente, porém não isento de problemas de saúde. Problemas comuns à raça são a displasia coxo-femoral, a displasia do cotovelo, torção do estômago, entrópio, ectrópio, problemas renais e câncer.
Esta raça apresenta maior propensão à displasia coxo-femoral, que é o mau encaixe da cabeça do femur no acetábulo e tem como principal característica a hereditariedade e uma grande dor causada ao animal provocando dificuldade na locomoção. Para ter o controle deve-se comprar filhotes de canis onde é feito o exame radiográfico dos pais. Deve-se ainda radiografar o filhote quando ele atingir a idade de 18 meses.
A torção do estômago é muitas vezes fatal e o cão deve ser levado ao veterinário imediatamente. O abdômen aumenta de tamanho e o animal sente muita dor ao toque. Para evitar a torção devemos alimentá-lo 2 vezes ao dia e não exercitá-lo após a alimentação.
O entrópio e ectrópio são anomalias ocorridas nas pálpebras de caráter hereditário onde no primeiro ocorre inversão da pálpebra e esta fica em contato constante com a córnea predispondo a úlceras e o no segundo ocorre eversão das pálpebras predispondo os olhos à conjuntivite constante.
Para obter maiores informações sobre estas doenças consulte um Médico Veterinário.
CURIOSODADES A RESPEITO DO SEU NOME
A Suíça é um país trilingue, ou seja tem três linguas oficiais, sendo estas o alemão, o francês e o italiano. Por causa destas três linguas, a raça tem vários nomes, que são o BERNER SENNENHUND, em alemão cuja tradução seria CÃO MONTANHÊS DE BERNA; o BOUVIER BERNOIS, em francês que significa BOIADEIRO DE BERNA. Na Inglaterra grande aficcionada na raça, ele é denominado
BERNESE MOUNTAIN DOG.
O SEU TEMPERAMENTO
O
BERNESE MOUNTAIN DOG contagia a todos com sua aura de simpatia, imediatamente nós o consideramos amigo da família e principalmente das crianças. Ele é, porém, originalmente um cão de guarda, apesar de ter uma abordagem amigável com pessoas estranhas, especialmente nos passeios, ele possui um censo agudo de território. Se ele não parece um cão feroz isso não significa que lhe falte o dom da vigilância, mas sim, que as circunstâncias onde é preciso dissuadir intrusos são raras. Nós podemos contar com sua coragem e determinação. Sua ausência de agressividade vem do seu equilíbrio característico e sua inabalável autoconfiança. O PASTOR SUÍÇO vem fazendo disso seu grande trunfo para conquistar o seu lugar nas famílias.
Bibliografia
Revista ATOUT CHIEN Pour les amoureux du chien, Novembro de 1995, número 117
Livro The Complete Bernese Mountain Dog - Jude Simonds, Howell Book House, New York,1990.
Livro Berner Sennenhunde - Christel Fechler, Verlag Paul Parey. Hamburg; Berlin, 4ed., 1988.
Esta página é de responsabilidade de
Dra. Maria Esther Odenthal - Médica Veterinária
Canil Odenthal
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